Desejos
Desejo, nuns transportes de gigante,
Estreitá-la de rijo entre meus braços,
Até quase esmagar nestes abraços
A sua carne branca e palpitante;
Como, da Ásia nos bosques tropicais,
Apertam em 'spiral auriluzente,
Os músculos hercúleos da serpente
Aos troncos das palmeiras colossais...
E como ao depois, quando o cansaco
A sepulta na morna letargia,
Dormitando repousa todo o dia
À sombra da palmeira o corpo lasso;
Eu quisera também, adormecido,
Dos fantasmas da febre ver o mar,
Mas sempre sob o azul do seu olhar,
Envolto no calor do seu vestido;
Como os ébrios chineses delirantes
Aspiram, já dormindo, o fumo quieto
Que o seu longo cachimbo predileto
No ambiente espalhava pouco antes...
-Clepsydra, Camilo Pessanha
Sem comentários:
Enviar um comentário