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sexta-feira, 15 de janeiro de 2016

Poema da Quinzena - o fim?

Olá a todos, hoje queria falar sobre uma decisão que tomei recentemente e que tem a ver com esta categoria e que acabou por influenciar o blog em geral.
Decidi parar com esta rubrica, Poema da Quinzena, onde mostrava alguns poemas que tinha lido e achado interessantes; contudo, não tenho lido muita poesia e a verdade é que não irei forçar-me a ler ou a procurar poesia só para criar estas publicações. Apesar de ter muitos planos para 2016 e tenho vontade de os concretizar, comecei o ano da forma mais negativa possível. Estou a tentar tirar o maior número de experiências para levar para a vida durante estes dias; também não tenho estado praticamente nenhum tempo no computador porque simplesmente não me apetece, parece que perdeu o encanto.
Isto tudo para dizer o quê? Para dizer que,para além desta rubrica terminar, irei publicar de forma menos organizada aqui no blog. Irei fazer um plano de posts que gostaria de publicar durante esse mês mas não terá nenhuma data programada.
Não irei desaparecer, apenas irei ser mais espontânea. ;-)

terça-feira, 3 de novembro de 2015

Poema da Quinzena

Crepuscular
Há no ambiente um murmúrio de queixume,
De desejos de amor, d'ais comprimidos...
Uma ternura esparsa de balidos,
Sente-se esmorecer como um perfume.
As madressilvas murcham nos silvados
E o aroma que exalam pelo espaço,
Tem delíquios de gozo e de cansaço,
Nervosos, femininos, delicados,
Sentem-se espasmos, agonias d'ave,
Inapreensíveis, mínimas, serenas...
Tenho entre as mãos as tuas mãos pequenas,
O meu olhar no teu olhar suave.
As tuas mãos tão brancas d'anemia...
Os teus olhos tão meigos de tristeza...
  É este enlanguescer da natureza,
Este vago sofrer do fim do dia. 
-Camilo Pessanha, Clepsydra

domingo, 13 de setembro de 2015

Listagem de Poemas da Quinzena

Olá olá! Desta vez decidi publicar uma listagem de poemas que já andam por aqui em vez de colocar um novo; isto porque acho será mais fácil para vocês terem aqui uma lista pois já existem muitos por aqui! ;-)

Teresa de Paiva
Enigma

Camilo Pessanha
Desejos
Se andava no jardim
Caminho I 
Na Cadeia 
Floriram por engano as rosas bravas
Vida

Florbela Espanca
Tédio
Vozes que se calam
Loucura
Eu

Patrícia M. Pereira
Viagem
Quebrada 
Penso,Penso,Penso 

Ruy Cinnatti
Mon Coeur mis a nu

Sophia de Mello Breyner Andresen
Terror de te amar

Fernando Pessoa
Nevoeiro

Almeida Garrett
Anjo És

Antero de Quental
Palácio da Ventura

terça-feira, 11 de agosto de 2015

Poema da Quinzena

 Enigma

Tu tens um Passado.

Pequeno ou grande, belo ou menos belo, pesado ou leve.

Um passado que é só teu.

Todos, todos nós, podemos não ter nada, nada mesmo, mas
todos temos um Passado que é só nosso.

 
Sem te dares conta, construíste um Futuro no Passado.

Esse Passado pode ser - no Futuro - um teu aliado ou
virar-se contra ti próprio.


O Futuro só te pertence apenas quando já é Passado.


O Passado, esse sim, pertence-te sempre.


Por isso é tão importante o Presente: é nele que constróis o Passado e o Futuro.

Teresa de Paiva, Escrito com Olhos

terça-feira, 21 de julho de 2015

Poema da Quinzena


Desejos
Desejo, nuns transportes de gigante,
Estreitá-la de rijo entre meus braços,
Até quase esmagar nestes abraços
A sua carne branca e palpitante;

Como, da Ásia nos bosques tropicais,
Apertam em 'spiral auriluzente,
Os músculos hercúleos da serpente
Aos troncos das palmeiras colossais...

E como ao depois, quando o cansaco
A sepulta na morna letargia,
Dormitando repousa todo o dia
À sombra da palmeira o corpo lasso;

Eu quisera também, adormecido,
Dos fantasmas da febre ver o mar,
Mas sempre sob o azul do seu olhar,
Envolto no calor do seu vestido;

Como os ébrios chineses delirantes
Aspiram, já dormindo, o fumo quieto
Que o seu longo cachimbo predileto
No ambiente espalhava pouco antes...
-Clepsydra, Camilo Pessanha

sexta-feira, 12 de junho de 2015

Poema da Quinzena

Tédio
Passo pálida e triste. Oiço dizer:
«Que branca que ela é! Parece morta!»
E eu, que vou sonhando, vaga, absorta,
Não tenho um gesto, ou um olhar sequer...

Que diga o mundo e a gente o que quiser!
-O que é que isso me faz? O que me importa?...
O frio que trago dentro gela e corta
Tudo o que é sonho e graça na mulher!

O que é que me importa?! Essa tristeza
É menos dor intensa que frieza,
É um tédio profundo de viver!

E é tudo sempre o mesmo, eternamente...
O mesmo lago plácido, dormente...
E os dias, sempre os mesmos,a correr...
-Florbela Espanca

terça-feira, 12 de maio de 2015

Poema da Quinzena

Viagem
Quantas mortes,
Quantos renascimentos
Uma só alma contém! 
Viagens já esquecidas,
Mágoas que deixaram invisíveis feridas!
Há quem renasça mais forte,
Há quem renasça mais fraco
E após tantos renascimentos
Renasci mais de mil vezes
Entre a força e a fraqueza
Desta minha condição humana,
Procurando respostas sem saber onde as encontrar!
Caminho, respiro, alimento meu corpo...
Mas não sei onde fiquei nestas minhas últimas mortes!
Onde ficou minha alma?
Onde ficou minha essência?
O meu eu e o que consigo fazer?!
Adormeci e não acordei livre...
Mendigando amor onde não existe
Porque aquele que amei ou amo
Me feriu incessantemente
Como uma criatura cruel e sem noção dos seus actos.
Devo estar espalhada pelo universo
Em partículas minúsculas,
Invisível como microrganismos ou átomos!

O meu corpo procura-me
Mas estando ele tão fraco,
Assim como a minha alma,
Contaminada pela dor, mágoa e desconfiança
Ou pura e simplesmente
Desilusão,
Não pode encontrar-me.
-Gritos Silenciosos, Patrícia M.Pereira

sexta-feira, 24 de abril de 2015

Poema da Quinzena e novidades...

 Eu sei, desapareci durante alguns dias! De facto, foi muito difícil conciliar todas as tarefas que tinha de realizar durante esta semana, pelo que os meus blogues foram abandonados. Precisei deste tempo afastada das teclas e do ecrã, custou mas não desapareci completamente - fui seguindo novidades ao ler as publicações (nem quero ver a quantidade de vídeos que tenho para ver,uff!). Para compensar os posts atrasado, irei publicar este sábado e também na segunda-feira, sendo esta apenas uma excepção. Também surgirão GRANDES novidades no domingo através do youtube (também irei publicar o vídeo aqui), portanto fiquem à espera ;)

Se andava no jardim
Que cheiro de jasmim!
Tão branca do luar!
..................................
..................................
..................................
Eis tenho-a junto a mim.
Vencida, é minha, enfim,
Após tanto a sonhar...
Porque entristeço assim?...
Não era ela, mas sim.
(O que eu quis abraçar),
A hora do jardim...
O aroma de jasmim...
A onda do luar... 
-Camilo Pessanha, Clepsydra

segunda-feira, 2 de março de 2015

Poema da Quinzena

 Vozes que se calam
Amo as pedras, os astros e o luar
Que beija as ervas do atalho escuro,
Amo as águas de anil e o doce olhar
Dos animais, divinamente puro.

Amo a hera que entende a voz do muro
E dos sapos o brando tilintar
De cristais que se afogam devagar,
E da minha charneca o rosto duro.

Amo todos os sonhos que se calam
De corações que sentem e não falam,
Tudo o que é Infinito e pequenino!

Asa que nos protege a todos nós!
Soluço imenso, eterno, que é a voz
Do nosso grande e mísero Destino!...
-Florbela Espanca

terça-feira, 20 de janeiro de 2015

Poema da Quinzena

Caminho

I
Tenho sonhos cruéis; n'alma doente
Sinto um vago receio prematuro.
Vou a medo na aresta do futuro,
Embebido em saudades do presente...
Saudades desta dor que em vão procuro
Do peito afugentar bem rudemente,
Devendo, ao desmaiar sobre o poente,
Cobrir-me o coração dum véu escuro!...
Porque a dor, esta falta d'harmonia,
Toda a luz desgrenhada que alumia
As almas doidamente, o céu d'agora,
Sem ela o coração é quase nada:
Um sol onde expirasse a madrugada,
Porque é só madrugada quando chora. 
-Camilo Pessnha,Clepsydra

segunda-feira, 5 de janeiro de 2015

Poema da Quinzena

Quebrada

Ei-la quebrada!
Quebrada sem se ver
Meditando a sua perda
No silêncio de seus pensamentos

Da guerra saiu ferida
Coração ardeu em chamas
Restando somente cinzas!

Ei-la no cima de uma pedra fria
Que outrora fora quente
Naquela longa noite de verão
Que a embalou nos braços com amor!

Ela olha o horizonte 
Espera sem esperar
Que suas penas cresçam
Para voltar a voar!
-Patrícia M. Pereira, Gritos Silenciosos

sexta-feira, 12 de dezembro de 2014

Poema da Quinzena

Loucura
Tudo cai! Tudo tomba! Derrocada
Pavorosa! Não sei onde era dantes.
Meu solar,  meus palácios, meus mirantes!
Não sei de nada, Deus, não sei de nada!...
Passa em tropel febril a cavalgada
Das paixões e loucuras triunfantes!
Rasgam-se as sedas, quebram-se  os diamantes!
Não tenho nada, Deus, não tenho nada!...
Pesadelos de insônia, ébrios  de anseio!
Loucura a esboçar-se, a enegrecer
Cada vez mais as trevas do meu seio!
Ó pavoroso mal de ser sozinha!
Ó pavoroso e atroz mal de trazer
Tantas almas a rir dentro da minha!


-Florbela Espanca

segunda-feira, 17 de novembro de 2014

Poema da Quinzena

Na cadeia

Na cadeia os bandidos presos!
O seu ar de contemplativos!
Que é das flores de olhos acesos?!
Pobres dos seus olhos cativos.
Passeiam mudos entre as grades,
Parecem peixes num aquário.
_ Campo florido das Saudades,
Porque rebentas tumultuário?
Serenos... Serenos... Serenos...
Trouxe-os algemados a escolta.
_ Estranha taça de venenos
Meu coração sempre em revolta.
Coração, quietinho... quietinho...
Porque te insurges e blasfemas?
Pschiu... Não batas... Devagarinho...
Olha os soldados, as algemas! 
-Camilo Pessanha, Clepsydra

sábado, 8 de novembro de 2014

Poema da Quinzena

Penso, penso, penso...
A dor existe!
Penso no que penso,
Tão triste!

Penso no nada,
Penso no tudo,
Penso, calada,
Neste meu mundo mudo.

Penso no que sei,
Tão vago!
Aquilo que não sei
Tão certo!

Perfuro o abismo,
Procuro, procuro,
Perdendo-me no absurdo!

Pensamento insano
Desta loucura que emano,
Perdendo-me nestes pensamentos,
Mergulhando, mar de tormentos...

Mar cinzento enumerado num tudo,
Pensamento vazio...

Pensamento com o coração,
Tão longe da razão!

Abro os olhos, olho em volta,
Procuro e procuro, sem encontrar
Este pensamento que se resume em sensação.
Aquilo que sei é apenas
Que simplesmente nada sei...
Meu pensamento, sensação!

-Gritos Silenciosos, Patrícia M.Pereira

sexta-feira, 24 de outubro de 2014

Poema da quinzena

Floriram por engano as rosas bravas
No Inverno: veio o vento desfolhá-las…
Em que cismas, meu bem? Porque me calas
As vozes com que há pouco me enganavas?
Castelos doidos! Tão cedo caístes!…
Onde vamos, alheio o pensamento,
De mãos dadas? Teus olhos, que num momento
Perscrutaram nos meus, como vão tristes!
E sobre nós cai nupcial a neve,
Surda, em triunfo, pétalas, de leve
Juncando o chão, na acrópole de gelos…
Em redor do teu vulto é como um véu!
Quem as esparze — quanta flor! — do céu,
Sobre nós dois, sobre os nossos cabelos?
-Camilo Pessanha, Clepsydra

sábado, 27 de setembro de 2014

Poema da Quinzena

 Vida

Choveu! E logo da terra humosa
Irrompe o campo das liliáceas.
Foi bem fecunda, a estação pluviosa!
Que vigor no campo das liliáceas!
Calquem. Recalquem, não o afogam.
Deixem. Não calquem. Que tudo invadam.
Não as extinguem. Porque as degradam?
Para que as calcam? Não as afogam.
Olhem o fogo que anda na serra.
É a queimada... Que lumaréu!

Podem calcá-lo, deitar-lhe terra,
Que não apagam o lumaréu.
Deixem! Não calquem! Deixem arder.
Se aqui o pisam, rebenta além.
_ E se arde tudo? _ Isso que tem?
Deitam-lhe fogo, é para arder... 
-Camilo Pessanham Clepsydra

terça-feira, 19 de agosto de 2014

Poema da Quinzena

Mon Coeur mis a nu
"Mas é isto vida,
manter dourada pregação no nada?
Montar selim 
com debaixo nada
e cavalgar a noite?!"

-Ruy Cinnatti

quinta-feira, 17 de julho de 2014

Poema da Quinzena

Eu

Eu sou a que no mundo anda perdida,
Eu sou a que na vida não tem norte,
Sou a irmã do Sonho, e desta sorte
Sou crucificada... a dolorida...

Sombra da névoa ténue e esvaecida,
E que o destino amargo, triste e forte,
Impele brutalmente para a morte!
Alma de luto sempre incompreendida!...

Sou aquela que passa e ninguém vê...
Sou a que chamam triste sem o ser...
Sou a que chora sem saber porquê...

Sou talvez a visão que Alguém sonhou,
Alguém que veio ao mundo pra me ver
E que nunca na vida me encontrou!
-Florbela Espanca

terça-feira, 15 de abril de 2014

Poema da Quinzena

 Terror de te amar

Terror de te amar num sítio tão frágil como o mundo

Mal de te amar neste lugar de imperfeição
Onde tudo nos quebra e emudece
Onde tudo nos mente e nos separa.

Que nenhuma estrela queime o teu perfil
Que nenhum deus se lembre do teu nome
Que nem o vento passe onde tu passas.

Para ti eu criarei um dia puro
Livre como o vento e repetido
Como o florir das ondas ordenadas.

-Sophia de Mello Breyner Andersen

segunda-feira, 24 de março de 2014

Poema da Quinzena

Nevoeiro

Nem rei nem lei, nem paz nem guerra,
Define com perfil e ser
Este fulgor baço da terra
Que é Portugal a entristecer —
Brilho sem luz e sem arder,
Como o que o fogo-fátuo encerra.

Ninguém sabe que coisa quer.
Ninguém conhece que alma tem,
Nem o que é mal nem o que é bem.
(Que ânsia distante perto chora?)
Tudo é incerto e derradeiro.
Tudo é disperso, nada é inteiro.
Ó Portugal, hoje és nevoeiro...

É a Hora! 
-Fernando Pessoa